quarta-feira, 30 de maio de 2018

Visualização / Imagética


Visualização e Imagética


 - O uso da imagética como ferramenta de melhoria das capacidades de desempenho


Se imaginar de forma intensa que está a comer um limão, não se surpreenda se começar a sentir o sabor amargo do mesmo. Se imaginar de forma intensa e com todos os sentidos envolvidos o “petisco” de que mais gosta, é natural que comece a salivar!
A base científica que suporta este “fenómeno” é que o cérebro não distingue o real do imaginário e assim mobiliza os recursos necessários para realizar de facto, aquilo que já é real na mente.

O uso da imagética e/ou visualização como ferramenta de melhoria da capacidade dos atletas, em treino ou em competição, assim como na recuperação de lesões tem-se mostrado bastante eficaz.

 Esta prática, ainda pouco aplicada de forma intencional, consciente e sistematizada no treino, é de facto já bastante utilizada de forma não-consciente por muitos atletas e com um impacto positivo significativo.

Muitos investigadores apontam mesmo a imagética como uma das ferramentas mais poderosas para a melhoria e/ou aprimoramento de várias habilidades e capacidades, não só a nível desportivo como a nível pessoal ou profissional

A imagética tem um grande impacto positivo por comportar não só a imagem (visualização) como também os sentimentos e sensações que associamos à imagem. As imagens mentais a que associamos poderosas sensações corporais, visuais, auditivas e cinestésicas, potenciam uma maior eficácia na aplicação desta técnica.

Em boa verdade, a utilização sistemática e consciente da imagética tem-se revelado como a ferramenta mental mais poderosa no desenvolvimento ou na melhoria da capacidade de desempenho.

Nota - Importante ter em atenção que é ESSENCIAL o envolvimento de todos os sentidos neste “ensaio mental”, vendo, ouvindo e sentindo como se estivesse realmente a executar a tarefa, e ainda imaginar como se sente a fazer isso


Como potenciar uma maior eficácia na utilização da visualização e da imagética?

1 - Pode desenvolver uma perspectiva interna, envolvendo-se a si mesmo na imagem, como se estivesse realmente a executar a tarefa, isto é, de forma ASSOCIADA, ou desenvolver uma perspectiva externa, de forma DISSOCIADA. como se estivesse de fora a ver um filme em que participa. As pesquisas nesta área indicam que, na realidade, uma forma não é melhor do que outra, assim como comprovam que existe uma destas perspectivas que é mais dominante e/ou que lhe é mais confortável. Recomendo, portanto, que use em primeiro lugar a que for mais natural para si - associação ou dissociação – e depois experimente a outra. A que melhores resultados lhe fornecer, aquela em que sentir mais confortável, será, em princípio a mais recomendável!
 - Pode também utilizar as duas em conformidade com o que quer especificamente desenvolver ou com os objectivos que quer alcançar. Por exemplo: perspectiva externa ou dissociada para a aprendizagem ou melhoria de gestos técnicos e interna ou associada para melhoria de performances ou de resultados quando em contexto competitivo!

2 – Aquilo em que mais nos focamos tende a expandir-se. É provável que já tenha usado esta técnica e mesmo assim continuar a cometer erros! O que recomendo é um maior CONTROLO sobre a imagem que é capaz de projectar e a que efectivamente quer projectar. Por vezes por medo ou por falta de confiança em realizar certo gesto técnico, pode visualizar imagens em que está a executar mal. Proponho um maior controlo sobre a visualização, focando-se naquilo que quer que aconteça e não naquilo que teme!
Visualize o que quer alcançar
 - Se os erros ocorrem no seu imaginário, deve dar-lhes a devida atenção e fazer algo para corrigir esse problema. Se não corrigir a qualidade das suas imagens, irá enraizar a imagem e o sentimento negativo associado, que prejudicará o seu desempenho. Em vez disso, quando se visualizar a executar mal, retroceda imediatamente essas imagens como se de um vídeo se tratasse. Edite o seu vídeo imaginário, corrija-o com imagens corretas e volte a visualizar o cenário pretendido, mas desta vez com imagens de qualidade que estejam de acordo com movimentos bem executados

3 – Uma excelente imagem, de acordo com os princípios da imagética, envolve a reprodução MULTI-SENSORIAL da experiência real. Ao criar as suas imagens mentais, incorpore os sons, sensações físicas, pensamentos e emoções que normalmente experimenta em competição.
A imagética está relacionada com aquilo que acontece quando cria uma imagem mental que respeita o ambiente em que está envolvido. Se os sons do público a incentivar tiverem um significado especial para si, incorpore esses sons na imagem. Se, normalmente fica demasiado ansioso antes da competição, deve “ver-se” nervoso na imagem criada, e em seguida tomar as devidas medidas para baixar os patamares de ansiedade.
A característica mais poderosa na utilização desta técnica, está relacionada com o que sente no seu corpo. É esta a forma mais eficaz para criar um enraizamento das novas habilidades, capacidades, hábitos e técnicas mentais.
Pode também, aumentar o impacto das emoções neste processo, acrescentando sensações imaginadas, às sensações reais.

- Junte às boas imagens criadas na execução de um certo gesto técnico, uma grande intensidade de sentimentos e visualize-se a alcançar o resultado que pretende!

4- Por fim, tenha em conta a VELOCIDADE do movimento na visualização. Para melhorar o seu desempenho na fase de aprendizagem de um certo gesto técnico, é adequado utilizar movimentos lentos, ou mesmo imagem a imagem, aumentando gradualmente a qualidade das mesmas para, desta forma, mais facilmente assimilar qualquer correção a fazer.
Depois de aprendido o gesto treinado e com o tempo, pode ir aumentado a velocidade de execução das imagens utilizadas até chegar à velocidade real


Nota final – Ao fazer este tipo de “Ensaio Mental” será interessante utilizar verbos no presente, quando no “filme” se refere a si próprio. Por exemplo, utilize VEJO, OUÇO, SINTO em vez de sentirei, ouvirei ou verei.

No Desporto e na Vida.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Causa e Efeito


Causa e Efeito

 - Governa a tua vida, para além dos resultados profissionais!

Por baixo do equipamento de um desportista, por baixo do fato macaco, ou por baixo do fato e da gravata existe uma pessoa. A “pessoa”, por mais que custe por vezes aceitar, influi de forma decisiva no rendimento desportivo ou profissional do mesmo.

Muitas pessoas dirão que isso é óbvio.
Em teoria de facto, é óbvio. O certo é que existem muitos desportistas, muitos profissionais, que ao vestirem a roupa de desporto, ou a roupa do emprego o esquecem.

Somos pessoas, com uma vida própria, que vai muito para além do estritamente desportivo ou do estritamente profissional
Na minha vida ligada ao desporto, tenho notado que um “hábito” muito comum entre desportistas de alto rendimento é fazer com que a sua vida gire em torno da actividade que pratica. O “chip” da carreira curta, condiciona e embora concorde que há que viver intensamente esta parte, não podemos correr o risco de viver exclusivamente para a actividade desportiva.
Somos pessoas, com uma vida, para além do desporto!
Aprender a separar o “profissional” da pessoa, é fundamental, principalmente nas componentes Mentais/Emocionais para assim conseguirmos lidar de forma mais eficaz com os momentos menos bons, com os resultados negativos, com as prestações menos conseguidas.
É comum ouvir atletas dizerem, que quando jogam bem, quando ganham, a sua vida pessoal flui de outra maneira. Quando as coisas, desportivamente correm bem, a sua vida também corre…muito bem.
Pois…mas o contrário, ainda é mais verdade!
Se só o resultado mandar e o foco estiver apenas colocado no “trabalho”, levaremos para “casa” toda essa má disposição que o resultado eventualmente provocou, fazendo com que a vida pessoal sofra transtornos de vária ordem.
Em termos de causa e efeito, uma má prestação em competição, no emprego ou mesmo no treino, potencia momentos desagradáveis a nível pessoal.

Nessas situações, tendemos a “preferir” passar mal – tipo auto punição – em vez de procurarmos em “casa” (amigos, família…) a ajuda para melhor ultrapassarmos esse momento e esse estado emocional.
Assim, passamos muito do nosso tempo a auto flagelar-nos com toda a espécie de pensamentos negativos o que pode acarretar a falta de descanso necessário e muitas vezes também uma imprópria alimentação, quase “garantindo”, dessa forma um grande condicionamento para a próxima prestação.
Como amenizar ou resolver este problema?
Invertendo as prioridades.
Não se trata de ter uma boa prestação desportiva, uma venda fora de série, um negócio fantástico a nível profissional, um vinte no exame para “estar bem” no plano pessoal. Acredito que “estar bem” a nível pessoal é o primeiro passo para um bom rendimento a nível profissional.

Trata-se de “dar a volta à coisa”. Despojarmos-nos o mais rapidamente possível das emoções negativas que nos deixam “em baixo”, para assim podermos tranquilamente analisar as razões porque correu menos bem e gerar estímulos que possam potenciar outro tipo de rendimento em prestações futuras.
Trata-se de governarmos a nossa vida para além dos resultados desportivos (ou outros), em vez de permitirmos que esses resultados governem a nossa vida.
Desfrutar da vida para além do desporto, é tão importante como treinar bem e ter os cuidados recomendados a um desportista de elite.
Por baixo do equipamento está uma pessoa. Se essa pessoa estiver feliz, certamente irá potenciar um rendimento muito superior ao de uma pessoa que não esteja feliz.
Cuida da tua vida pessoal e das tuas relações para assim encontrares o ambiente necessário para recuperar forças sempre que necessites.
Encontra momentos de PAZ, de TRANQUILIDADE, de DIVERSÂO, de ENTRETENIMENTO e de CRESCIMENTO para lá do estritamente desportivo

No Desporto e na Vida



segunda-feira, 7 de maio de 2018

As Forças que Influenciam a sua vida

Dor e Prazer



 - Acredito que o ser humano não faz as coisas por acaso. Tudo o que fazemos tem uma razão de ser.


É certo que nem sempre temos a consciência plena dos motivos que nos impulsionam a fazer aquilo que fazemos. De facto, existe um tipo de força que direcciona ou condiciona os nossos comportamentos, as nossas acções.

Tudo o que fazemos, ou é para fugir a uma possível DOR, ou para tentar obter PRAZER.

Compreender estas forças e a relevância das mesmas, além de nos permitir saber como e porque agimos de uma certa forma, também nos permite entender que… podemos agir de forma diferente e assim possibilitar a consecução de outros resultados!

As coisas a que associa dor e as coisas a que associa prazer, na verdade moldam a sua vida.

“O segredo do sucesso é aprender a usar a dor e o prazer em vez de ser usado pelo prazer e pela dor. Se o fizer controla a sua vida. Se não o fizer, é controlado pela vida”

Aprender a desvendar os segredos que estão por trás das suas acções vai permitir-lhe também alterar o “como faço aquilo que faço” para “como fazer aquilo que realmente quero fazer”, pois se ligar uma dor intensa a qualquer comportamento ou padrão emocional, irá certamente evitar a todo o custo entregar-se ao mesmo.
O contrário também é verdade!

Se, por exemplo, estiver a fazer qualquer tipo de dieta alimentar e estiver perante um prato delicioso (para si), sabendo que a composição e/ou quantidade do mesmo irá prejudicar o regime que está a seguir, pode associar dor ou prazer à ingestão do mesmo e será essa associação que promoverá a sua acção imediata.
 Pode associar algum tipo de prazer, tipo…”é só hoje”, ou de dor…”se comer isto agora lá se vai a minha dieta”. Qual o resultado?

Não é por acaso que refiro a acção como imediata, pois a maioria das pessoas baseia a sua decisão no que lhe vai trazer dor ou prazer a curto prazo, mesmo sabendo, no íntimo, que para obter aquilo que mais valoriza, normalmente tem que ultrapassar alguns obstáculos, algumas barreiras, que vão surgindo a fim de, a médio/longo prazo, alcançar de facto o que lhe dará verdadeiro prazer. É apenas uma questão de nos concentramos no momento ou no futuro.

“A natureza pôs a humanidade sob o comando de dois soberanos, a DOR e o PRAZER. Eles governam-nos em tudo o que fazemos, em tudo o que dizemos, emtudo o que pensamos; cada esforço que pudermos fazer para nos livrarmos dessa submissão só serve para a comprovar e confirmar” – Jeremy Benthaim

Não é a dor em si que nos impulsiona, mas sim o medo de que algo conduza à dor. Não é o prazer em si que nos impulsiona, mas sim a convicção – a nossa sensação de certeza – de que optar por uma determinada acção, por um determinado comportamento, este nos conduzirá ao prazer.
Pode pensar que comer alimentos que vão contra a dieta que está a seguir, lhe irá conceder muito prazer no imediato, assim como pode pensar nas consequências a médio ou longo prazo e na dor que provavelmente virá a experienciar. Que sentimento escolhe associar a esse pensamento…agora mesmo? Come ou não?

“Se se sente angustiado com alguma coisa externa, a dor é devida à sua própria ideia dela; e isso é uma coisa que tem o poder de revogar a qualquer momento”Marco Aurélio

A verdade, por muito que gostássemos de a negar, é que, o que verdadeiramente impulsiona as nossas acções, os nossos comportamentos, é a reação instintiva à dor ou ao prazer e não um qualquer cálculo intelectual. Somos prioritariamente “movidos” pelo que “aprendemos” a associar dor ou prazer nos nossos sistemas nervosos e são estas neuro-associações que determinam o que vamos fazer.
São as nossas emoções - as sensações que associamos ao pensamento - que na maioria dos casos determinam os nossos comportamentos.




“Os homens, bem como as mulheres, são muito mais frequentemente guiados pelos seus corações, do que pelo seu entendimento” Lord Chesterfield








Quer assumir um maior controlo sobre as suas decisões? Quer ter um maior controlo da sua vida?


Comece por tomar consciência do poder que o prazer e a dor exercem sobre cada decisão.

 1-   Pense agora em qualquer coisa que nunca faria. Que emoções, que sensações associa a esse pensamento?

a) O primeiro passo para suspender qualquer comportamento (acção) que não o satisfaça, que não lhe proporcione o resultado que pretende, é associar ao mesmo, um nível de dor tão intenso a nível emocional que já nem considere sequer repeti-lo.

b) Como fazê-lo? Basta recordar as emoções e as sensações que associa “aquilo que nunca faria” e associa-las a ao comportamento que pretende suspender

 2- Encontre outro tipo de comportamento (outra forma de fazer) que possa potenciar o tipo de resultado que quer alcançar e de imediato associe ao mesmo, um nível de prazer tão intenso emocionalmente, que permita criar uma poderosa neuro-associação, no seu sistema.

     a) Repita, as vezes que for preciso essa associação, com a necessária intensidade emocional, para assim condicionar no seu íntimo esse comportamento até o mesmo se tornar automático.


    No Desporto e na Vida



sexta-feira, 27 de abril de 2018

Comunicação Verbal

O Poder das Palavras   
- Hoje vamos falar de comunicação verbal, em particular do poder das palavras e respectivo impacto mental das mesmas.


A maior parte das vezes utilizamos algumas palavras em “modo automático”…de forma inconsciente, palavras essas a que atribuímos um certo ou potencial significado.

Assim, as palavras que atribuímos à descrição da experiência, tornam-se na nossa experiência!

Usamos  palavras que nos fazem sorrir e outras que nos fazem “chorar”. Usamos as palavras para transformar as nossas emoções...para nos oferecer confiança, ou para nos criar apreensão.

De facto as palavras podem criar e/ou transformar emoções e podem também potenciar acções - como já sabemos, são as nossas acções que nos oferecem os resultados da nossa vida!

                                                                                      “As palavras formam os fios com que tecemos a nossa experiência” Adolf Huxley

As palavras não são mais do que símbolos, bastante simples por sinal, a que chamamos letras ou sons, e que nos proporcionam um meio de expressar e de partilhar a nossa experiência com os outros (comunicação interpessoal), ou com nós próprios (comunicação intrapessoal), causando ao mesmo tempo impacto no que sentimos.

Ao compreender o poder das palavras, pode, de forma consciente, escolher com sensatez as palavras que melhor resultado emocional lhe possam oferecer.
As pessoas com vocabulário empobrecido, normalmente têm uma vida emocional mais empobrecida, do que aquelas que têm vocabulário mais rico.

Este é o desafio que lhe lanço hoje: desafie-se pela dimensão do vocabulário que compreende, para expressar da melhor forma possível as suas experiências, evitando escolher “atalhos”, pois muitas vezes são esses mesmos caminhos que se transformam em atalhos emocionais, potenciando estados que não pretende.
Em vez de dizer “estou a sentir-me irritado”, experimente usar “estou a sentir-me um pouco aborrecido”; “mas que merda” por “mas que coisa”; “fracasso” por “nova aprendizagem”; “eu odeio…isto” por “eu prefiro…aquilo”.

Qualquer língua, inclusive o português, tem uma enorme quantidade de palavras, que para além do potencial significado, quando aplicadas em determinadas frases, transmitem uma intensidade emocional distinta, como notará, experienciando os exemplos antes descritos.

Se estiver a descrever uma experiência fantástica, não diminua a sua própria intensidade emocional. Diga, ou escreva FANTÁSTICA e não…”muito boa”.
Basta mudar o seu vocabulário habitual – as palavras que usa sistematicamente – para conseguir, no mesmo instante, mudar a forma como pensa, a forma como sente e a forma como vive!
Se normalmente usa um conjunto de palavras, no seu vocabulário mais habitual, que potenciam estados que o(a) enfraquecem, livre-se delas e substitua-as por outra que o(a) fortaleçam.

Se “sobrecarregado” de trabalho já é meu mau, o que dizer de “sufocado…”!

Há bem pouco tempo vivi uma experiência conjunta (nada boa por sinal) e o curioso é que, perante a mesma situação, dei por mim a escutar atentamente a forma como as diversas pessoas descreviam essa experiência, ouvindo desde; “estou com uma raiva…”; “estou furioso”; “estou mesmo irritado” a “estou aborrecido com isto”, conforme a “tradução” que cada uma das pessoas fazia da situação.

Infelizmente, na língua portuguesa, tal como na maioria dos idiomas pelo mundo fora, encontra muitas mais palavras para descrever emoções de tristeza, do que para as de alegria. Ser mais criativo e criterioso na avaliação das coisas e na forma de as expressar e/ou partilhar fará toda a diferença entre a maioria das pessoas que se sente muitas vezes mal e as que se sentem muitas vezes bem.


Agora que já compreende o poder das palavras, encontre as suas melhores respostas:

“O próximo jogo é complicado ou desafiante?”                “Está com medo ou inquieto?”
“Sente-se humilhado ou incomodado?”                             “Sente-se perdido ou à procura?”
“Sente-se estúpido ou a aprender?”                                    “Está sobrecarregado ou muito ocupado?”

Ou…para ainda melhor;

“Sente-se satisfeito ou fenomenal?”                                                             “Curioso ou fascinado?”
“Está confiante ou seguro?”                                                                            “Atento ou concentrado?”
“Está animado com o que está a aprender ou entusiasmado?”              “Sente-se determinado ou imparável?"

A escolha é sua e sabe que pode encontrar outras palavras que, pelo significado que lhes atribui, melhores resultados lhe podem proporcionar!

Depois de muito treino, sempre que me perguntam, “Como estás António?”, invariavelmente ouvem “Excelente…” e no mesmo instante vêm como tenho a cabeça erguida, os ombros direitos e no mínimo um sorriso na cara…independentemente do que porventura estaria a pensar e/ou a sentir antes da pergunta!

No Desporto e na Vida

domingo, 22 de abril de 2018

Artes Marciais e Inteligência Emocional

   Aikido e IE

 


 - Curiosa e convidativa a uma certa reflexão, a forma como os elementos da equipa técnica do Sporting, com Jorge Jesus à cabeça, assim como os jogadores, ou a grande maioria dos jogadores do plantel, geriram esse momento mais conturbado, gerado por uma postagem nas redes sociais, por parte do presidente Bruno de Carvalho.




Curiosidade - AIKIDO
Começo pela ligação deste processo á utilização de alguns princípios ligados a uma arte marcial japonesa – AIKIDO -  que, com o decorrer do tempo, os praticantes elevaram a um nível superior, constituindo hoje, para muitos, uma autêntica Filosofia de Vida.
Esta arte marcial foi criada única e exclusivamente para ser utilizada como um recurso de defesa pessoal e o seu objectivo principal passa por evitar qualquer tipo de confronto, acreditando que a melhor forma de o fazer, passa por neutralizar as acções dos adversários, devolvendo a força e a energia que estes empregam
 

O Aikido tem como princípio capital a não-agressão e o partir em busca das melhores soluções pacíficas para os conflitos 

Em termos gerais o praticante de Aikido sabe que, se usar a sua própria força contra a força que lhe é dirigida, apenas criará Resistência, enquanto que, se a “devolver” promoverá Assistência.



Reflexão – Inteligência Emocional

O que é Inteligência Emocional?
“Capacidade para identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir adequadamente as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos” Daniel Goleman

A inteligência Emocional impacta muitos aspectos da nossa vida, tais como a forma como nos comportamos e a forma como interagimos com outras pessoas.
Daniel Goleman, considerado o “pai da Inteligência Emocional”, realça algumas características das pessoas com elevado QE (coeficiente emocional);
- Capacidade de a pessoa se motivar a si mesma e persistir a despeito das frustrações
- Capacidade de controlar os impulsos e adiar a recompensa
- Capacidade para regular o seu próprio estado de espírito e impedir que desânimo subjugue a faculdade de pensar
- Capacidade para sentir empatia e de ter esperança.

Estou plenamente convicto que o recurso às “artes marciais”, assim como a aplicação prática dos conceitos promovidos pela Inteligência Emocional, permitiu ao grupo de trabalho “evitar” distrações, e colocar toda a atenção no que é verdadeiramente importante para aqueles que, muitas vezes de forma apaixonada, abraçaram a prática desta modalidade. Entenderam, JJ e os jogadores do Sporting (cada um com as suas responsabilidades), que manter o foco intenso nas funções que desempenham, assim como fortalecer o “espírito de grupo”, seria a melhor forma para ultrapassar esse momento, potenciar a consecução dos objectivos a que ainda se propunham e principalmente...dignificar o emblema que representam.


 Jorge Jesus sabe que liderar é influenciar e principalmente que… “aos jogadores pouco importa o quanto o Líder sabe, até ao momento em que sabem o quanto o Líder se importa”

Nota - De todo este processo - que não faço ideia se está resolvido ou em “banho maria” - uma das coisas que mais me surpreendeu, foi ouvir e/ou ler alguns comentários menos abonatórios ou mesmo depreciativos, em relação às palavras de JJ, ditas num tom de voz que fez realçar a congruência dessa mensagem “Os jogadores são o mais importante…”

Eu pergunto. Há dúvidas?


Aikido e Inteligência Emocional no Desporto e na Vida

sexta-feira, 13 de abril de 2018

No Desporto e na Vida


     Como te relacionas com as circunstâncias e com os resultados?

Quando, na nossa vida pessoal, social, profissional e nos vários tipos de relacionamentos, sentimos aceitação por parte das pessoas que nos rodeiam, tudo está bem. Está tudo…muito bem!

Quando na nossa vida, enquanto desportista, na hora em que termina a competição, o jogo, o combate, a corrida, e vencemos, tudo está bem, está tudo…muito bem!  

Nesses momentos é extremamente simples pensarmos de forma positiva; estamos optimistas, radiantes, temos muitos amigos; há pessoas a sorrir, a querer tirar “selfies” connosco; os responsáveis dão-nos os parabéns, palmadinhas nas costas e abraçam-nos, de tal forma que, facilmente conseguimos, sustentados pela poderosa experiência recente, fazer projeções extremamente satisfatórias e aliciantes para o “amanhã”. Facilmente projectamos para o futuro o que estamos a vivenciar agora, construindo representações internas em que o futuro nos aparece “pintado” com as cores que mais gostamos, os sons que nos chegam são harmoniosos, melodiosos, música para os nossos ouvidos, assim como arrebatadores se tornam os sentimentos que nos envolvem.
Os níveis de confiança sobem, as crenças num futuro risonho consolidam-se. Quase não existe fadiga, seja física, cognitiva ou emocional, ou pelo menos não a sentimos! Estamos mais que prontos para o que aí vier…O futuro é nosso!
Prestando a devida atenção a esses pensamentos, desfrutando, consciente ou inconscientemente desses sentimentos, ao mesmo tempo que os vamos valorizando…a coisa só tende a melhorar.

E quando acontece o inverso? Quando, forçosamente temos que lidar com a derrota, com a rejeição, com o fracasso? Como reage a nossa cabeça?
De repente somos “assaltados” por pensamentos negativos e pelo pessimismo. Já poucos sorrisos descortinamos nas pessoas que nos rodeiam, os abraços são de consolo e não de comemoração, a autoconfiança desce, as crenças são limitadoras, só apetece sair dali o mais rápido possível. O “amanhã” é cinzento ou negro, os sons que nos chegam são ruídos inaudíveis e as sensações que nos invadem refletem-se no nosso semblante triste e carregado…
E enquanto prestamos atenção a esses pensamentos, enquanto consciente ou inconscientemente os valorizarmos…a coisa só tende a piorar.

A proposta que te apresento hoje é a seguinte:
E se, nessa situação, de repente, fosses “invadido” por outro tipo de pensamentos e por outro tipo de sentimentos que te “solicitam” autorização para estar presente, em vez de...?
Um tipo de pensamento e de sentimento que já experienciaste diversas vezes, e que te propõe a aceitação e a esperança, sustentados pela impossibilidade de alterar o que já passou e na probabilidade de, no futuro, poderes fazer diferente!
Um tipo de pensamento e de sentimento que te permita reenquadrar os acontecimentos passados, a experiência, tornando-a numa fonte de que brotam novas aprendizagens!

Um tipo de emoção que te proponha respirar tranquila e profundamente, que potencie um sorriso na tua cara - por muito leve que seja - e que te proponha endireitar os ombros, levantar a cabeça, olhar em frente e “instalar” uma nova crença potenciadora que te faça acreditar, de forma congruente, que estás pronto para vencer o próximo desafio.

Em suma, um tipo de pensamento e de sentimento que te permita "virar as costas" ao passado, deixando de acreditar e de prestar atenção ao pensamento anterior e ao mesmo tempo possa direccionar o teu foco mental, a tua energia, para a construção de um novo futuro.  O TEU FUTURO!



A minha experiência diz-me que, tanto as pessoas que fazem do desporto a sua forma preferencial de vida, como as pessoas que fazem da própria vida o seu desporto preferido, tendem a lidar de forma mais salutar e eficaz com estas situações.

Na hora em que as coisas correm menos bem, aceitam, quase sem exercer qualquer controlo, as emoções consequentes, gerindo o tempo de luto que a situação pode requerer, colocando gradualmente a sua atenção, o seu foco, no que realmente querem para o futuro, sabendo que, inevitavelmente, tudo passa e o “amanhã” lhes vai propor um novo desafio para o qual têm de se preparar. Sim, é uma verdade inequívoca e imutável… Tudo Passa!

São as mesmas pessoas que, no momento em que as coisas correm bem, ou mesmo muito bem, aceitam naturalmente as poderosas emoções que deles se apoderam, festejando e comemorando como recomenda a situação, gerindo com mestria a mesma, sabendo que “amanhã” um novo desafio lhes vai ser apresentado e para o qual, rapidamente, se têm de preparar, colocando toda a sua atenção e energia no que aí vem, estando plenamente conscientes que esse momento, o agora, é um momento passageiro e que…Tudo Passa!

 “A forma como te relacionas com as circunstâncias e com os resultados vai definir o teu destino; para onde deslocares a tua atenção, vai  fluir a tua energia!"

Com os devidos direitos de autor reconhecidos e salvaguardos, cito o meu amigo Pedro Vieira
“Como te sentes quando começas a ganhar”?
-Sinto-me bem pois isso significa que vou ganhar.
“E como te sentes quando começas a perder”?
-Sinto-me bem pois isso significa que vou ganhar.

É isto…

No Desporto e na Vida


quarta-feira, 4 de abril de 2018

Sorte, Magia ou Arte?



                                                      Sorte, Magia ou Arte?
 - Hoje, fui convidado pela RTP para analisar e comentar o golo de Ronaldo frente à Juventus e que naturalmente é capa de jornais e tema de abertura nos telejornais em todo o mundo.
A primeira pergunta que a Sandra Sousa me colocou é exactamente a mesma que hoje vos coloco; Sorte, Magia ou Arte?

Comecemos pelo meio; Magia
Na verdade, embora acredite em resultados mágicos, não acredito em magia! Acredito simplesmente que existem alguns processos, inúmeras ferramentas e um enorme conjunto de técnicas, que, quando apreendidas e colocadas em prática, potenciam resultados mágicos. Será a isto que se chama ilusionismo?

Acredito de forma congruente na Sorte.
Acredito que, em muitas áreas da nossa vida, no preciso momento em que as nossas competências se cruzam com uma oportunidade, acontece aquilo a que vulgarmente se chama...Sorte.
Não fique surpreendido, se, depois de investir muito do seu precioso tempo na procura de uma oportunidade que lhe permita aplicar todas as competências adquiridas; com muita entrega, muito compromisso, muito empenho, muita dedicação e muito esforço - ouvir de imediato um barulho ensurdecedor de vozes a bradarem em todas as direcções: “Que sorte aquele(a) tipo(a) teve!”

Ou será que o golo do Ronaldo foi Arte?
“aplicação do saber à obtenção de resultados práticos, sobretudo quando aliado ao engenho; habilidade” infopédia
Pois, segundo esta definição, facilmente poderemos considerar o golo do CR7 como Arte!

Sorte, Magia ou Arte, há uma particularidade neste golo e neste gesto técnico, que, para quem conhece Cristiano Ronaldo e a sua ambição enquanto jogador de futebol, certamente terá em consideração:
Este golo é “apenas” o fruto de muitas horas de trabalho árduo, de muito empenho nos treinos e nos jogos, muita dedicação, muita perseverança e muita confiança na constante e incessante melhoria de todas as suas capacidades técnicas, físicas e mentais com que, desde muito cedo, foi dotado.

Ou então:
 “Este é um golo de desenhos animados” Jornal na China


Arte, Magia ou Sorte…escolha a definição com que melhor se identifique, sabendo que pode, tal como o Cristiano, escolher e aplicar o conceito eleito em qualquer área da sua vida. Faça acontecer a sua Sorte, o seu momento Mágico e/ou, crie a sua própria obra de Arte.

No Desporto e na Vida

Nota – Termino saudando os adeptos da Juventus pelo exemplo de ética desportiva no aplauso concedido ao jogador português. Quem ama esta modalidade, este jogo, sabe reconhecer, independentemente do emblema que tem ao peito, o que é de facto uma genuína obra de Arte, um momento Mágico ou até que “Ter Sorte”, normalmente dá muito trabalho!




domingo, 25 de março de 2018

Processo e Resultado


Foco no processo


 - “O que conta é o resultado!”
Quantas vezes já ouviu esta expressão no âmbito desportivo, ou até mesmo em qualquer outra área da sua vida?

Concorda com esta afirmação?
 - É normal que concorde, o resultado é mesmo muito importante, pois, na  verdade, para ser bem-sucedido(a), normalmente tem que ter bons resultados -
A questão que pretendo colocar hoje é; como proceder para aumentar em termos significativos as hipóteses de alcançar um resultado que o(a) satisfaça?
Se o resultado, é de facto o mais importante, quererá isto significar que o seu foco deve, intencionalmente, estar direcionado de forma veemente, enérgica e exclusiva para o resultado final?
 É aqui que aparece o Processo. 


“Processo” e “Resultado” são conceitos diferentes, quase sempre interligados, aceitando eu, que é muito mais fácil estar focado no resultado do que no processo, pois o que verdadeiramente conta, o que se valoriza, é a vitória, não a “quase vitória”!
O cerne da questão está no facto de que, quando atribui mentalmente uma importância vital, desmesurada, ao resultado final, à classificação, à vontade de vencer ou até mesmo ao medo de perder, essa concentração poder fazer com que a sua atenção sofra alguns desvios (e quase sempre isso acontece), com reflexos no resultado final.
A interligação entre processo e resultado é reforçada pelo facto de, invariavelmente, o resultado só aparecer mais tarde. O resultado aparece na sequência do processo. O resultado é o futuro e, antes de qualquer coisa acontecer, não existem certezas sobre…o que vai acontecer!
Em muitas circunstâncias, muitos contextos, muitas situações, vencer ou sair derrotado, em boa verdade, é algo que não pode controlar. Existem múltiplos factores que podem condicionar o resultado final e que estão fora da sua zona de controle.
Por outro lado, se estiver mais focado no “Processo”, estará a prestar uma maior atenção e a dar uma maior importância ao que pode fazer, potenciando dessa forma um nível de  desempenho superior, não só durante a competição como também na forma como se vai preparar - física, técnica, estratégica e mentalmente -  para abordar o desafio.
 Estará, seguramente, mais concentrado em “coisas” e “cenas” que dependem exclusivamente de si, que estão (direta ou indiretamente) sob o seu controle ou que pode influenciar e que constituem o “agora”…o presente!

O “Resultado” vem depois do “Processo”. O resultado é futuro, o processo é presente.

O que verdadeiramente controla, são as suas acções, os seus comportamentos, aquilo que faz, a forma como se prepara para o desempenho!
O paradoxo do foco intenso e único no resultado é que as hipóteses de alcançar um resultado satisfatório diminuem. Porquê? Porque tal como digo anteriormente, o resultado só vem no final. Se estiver demasiadamente focado(a) no resultado, o foco no processo, no “agora”, diminui, permitindo à mente divagar e especular sobre o “depois”.

Outra razão estará seguramente presente na sua resposta à questão que agora lhe coloco; o que o(a) faz sentir mais nervoso(a), com os níveis de ansiedade mais elevados, com alguma tensão extra ou até “suar das mãos”…
concentrar-se no Resultado ou no Processo?
Atrevo-me a pensar que a resposta, como acontece na maioria dos casos, tenderá para “O Resultado”.


Quando aumenta exponencialmente o seu foco nas especificidades do processo, no que necessita de fazer, no que quer realmente fazer, para melhorar o seu desempenho, muitas mais probabilidades terá de alcançar o resultado que ambiciona.




Se tem um desafio na sua vida pessoal/profissional, ou se é um atleta (neste caso particular), recomendo que pense no resultado final apenas o tempo suficiente para criar um estímulo específico que lhe permita colocar a atenção, o foco e o compromisso nas capacidades, nas habilidades e nas técnicas que irão potenciar ou alavancar um desempenho superior.
Se é líder, treinador, e as pessoas que estão sob a sua responsabilidade tiverem um “dia bom”, não fique pelo “bom trabalho malta…parabéns” e aproveite esse momento para os ajudar a entender, o(s) porquê(s), do bom desempenho e a estrita ligação do mesmo com o desenvolvimento dos processos estratégicos delineados.
 Se tiverem um “dia mau”, encoraje-os, reconforte-os e identifique com eles as razões para que tal tenha acontecido, preparando-os desde logo para que, na próxima vez, possam fazer…diferente!
Tudo começa por reconhecer que, como todo o ser humano, só pode estar completamente concentrado, numa coisa de cada vez. Tendo - eu sei que tem! - a capacidade para substituir o seu foco no Resultado, pela concentração no Processo, nesse exacto momento a sua mente vai dirigir uma maior atenção para as estratégias, para as sensações, emoções, atitudes e pensamentos que aumentam a probabilidade de um desempenho de excelência.

“Onde colocas a atenção, fui a energia”
Estar concentrado no "Processo", além de potenciar um rendimento superior, é o caminho mais simples para alcançar o "Resultado" que ambiciona!
...No Desporto e na Vida