- Hoje vamos falar de comunicação verbal, em particular do poder das palavras e respectivo impacto mental das mesmas.
A maior
parte das vezes utilizamos algumas palavras em “modo automático”…de forma
inconsciente, palavras essas a que atribuímos um certo ou potencial significado.
Assim, as
palavras que atribuímos à descrição da experiência, tornam-se na nossa
experiência!
Usamos palavras que nos fazem sorrir e outras que nos fazem “chorar”. Usamos as palavras para transformar as nossas emoções...para
nos oferecer confiança, ou para nos criar apreensão.
De facto as
palavras podem criar e/ou transformar emoções e podem também potenciar acções - como já sabemos, são as nossas acções que nos oferecem os resultados da nossa
vida!
“As palavras formam os fios com que
tecemos a nossa experiência” Adolf Huxley
As palavras
não são mais do que símbolos, bastante simples por sinal, a que chamamos letras
ou sons, e que nos proporcionam um meio de expressar e de partilhar a nossa
experiência com os outros (comunicação interpessoal), ou com nós próprios (comunicação
intrapessoal), causando ao mesmo tempo impacto no que sentimos.
Ao
compreender o poder das palavras, pode, de forma consciente, escolher com
sensatez as palavras que melhor resultado emocional lhe possam
oferecer.
As pessoas
com vocabulário empobrecido, normalmente têm uma vida emocional mais
empobrecida, do que aquelas que têm vocabulário mais rico.
Este é o
desafio que lhe lanço hoje: desafie-se pela dimensão do vocabulário que
compreende, para expressar da melhor forma possível as suas experiências, evitando escolher
“atalhos”, pois muitas vezes são esses mesmos caminhos que se transformam em atalhos emocionais, potenciando estados que não pretende.
Em vez de
dizer “estou a sentir-me irritado”, experimente usar “estou a sentir-me um
pouco aborrecido”; “mas que merda” por “mas que coisa”; “fracasso” por “nova aprendizagem”;
“eu odeio…isto” por “eu prefiro…aquilo”.
Qualquer língua,
inclusive o português, tem uma enorme quantidade de palavras, que para além do
potencial significado, quando aplicadas em determinadas frases, transmitem uma
intensidade emocional distinta, como notará, experienciando os exemplos antes descritos.
Se estiver a
descrever uma experiência fantástica, não diminua a sua própria intensidade emocional.
Diga, ou escreva FANTÁSTICA e não…”muito boa”.
Basta mudar
o seu vocabulário habitual – as palavras que usa sistematicamente – para conseguir,
no mesmo instante, mudar a forma como pensa, a forma como sente e a forma como
vive!
Se normalmente
usa um conjunto de palavras, no seu vocabulário mais habitual, que potenciam
estados que o(a) enfraquecem, livre-se
delas e substitua-as por outra que o(a) fortaleçam.
Se “sobrecarregado” de trabalho já é
meu mau, o que dizer de “sufocado…”!
Há bem pouco
tempo vivi uma experiência conjunta (nada boa por sinal) e o curioso é que,
perante a mesma situação, dei por mim a escutar atentamente a forma como as diversas
pessoas descreviam essa experiência, ouvindo desde; “estou com uma raiva…”; “estou
furioso”; “estou mesmo irritado” a “estou aborrecido com isto”, conforme a “tradução”
que cada uma das pessoas fazia da situação.
Infelizmente,
na língua portuguesa, tal como na maioria dos idiomas pelo mundo fora, encontra
muitas mais palavras para descrever emoções de tristeza, do que para as de
alegria. Ser mais criativo e criterioso na avaliação das coisas e na forma de as
expressar e/ou partilhar fará toda a diferença entre a maioria das pessoas que
se sente muitas vezes mal e as que se sentem muitas vezes bem.
Agora que já compreende o poder das palavras, encontre as suas melhores respostas:
“O próximo
jogo é complicado ou desafiante?” “Está com medo ou inquieto?”
“Sente-se
humilhado ou incomodado?” “Sente-se
perdido ou à procura?”
“Sente-se
estúpido ou a aprender?” “Está
sobrecarregado ou muito ocupado?”
Ou…para
ainda melhor;
“Sente-se
satisfeito ou fenomenal?” “Curioso ou fascinado?”
“Está
confiante ou seguro?” “Atento ou concentrado?”
“Está
animado com o que está a aprender ou entusiasmado?” “Sente-se determinado
ou imparável?"
A escolha é
sua e sabe que pode encontrar outras palavras que, pelo significado que lhes
atribui, melhores resultados lhe podem proporcionar!
Depois de
muito treino, sempre que me perguntam, “Como estás António?”, invariavelmente
ouvem “Excelente…” e no mesmo instante vêm como tenho a cabeça erguida, os
ombros direitos e no mínimo um sorriso na cara…independentemente do que
porventura estaria a pensar e/ou a sentir antes da pergunta!
No Desporto
e na Vida