quarta-feira, 30 de maio de 2018

Visualização / Imagética


Visualização e Imagética


 - O uso da imagética como ferramenta de melhoria das capacidades de desempenho


Se imaginar de forma intensa que está a comer um limão, não se surpreenda se começar a sentir o sabor amargo do mesmo. Se imaginar de forma intensa e com todos os sentidos envolvidos o “petisco” de que mais gosta, é natural que comece a salivar!
A base científica que suporta este “fenómeno” é que o cérebro não distingue o real do imaginário e assim mobiliza os recursos necessários para realizar de facto, aquilo que já é real na mente.

O uso da imagética e/ou visualização como ferramenta de melhoria da capacidade dos atletas, em treino ou em competição, assim como na recuperação de lesões tem-se mostrado bastante eficaz.

 Esta prática, ainda pouco aplicada de forma intencional, consciente e sistematizada no treino, é de facto já bastante utilizada de forma não-consciente por muitos atletas e com um impacto positivo significativo.

Muitos investigadores apontam mesmo a imagética como uma das ferramentas mais poderosas para a melhoria e/ou aprimoramento de várias habilidades e capacidades, não só a nível desportivo como a nível pessoal ou profissional

A imagética tem um grande impacto positivo por comportar não só a imagem (visualização) como também os sentimentos e sensações que associamos à imagem. As imagens mentais a que associamos poderosas sensações corporais, visuais, auditivas e cinestésicas, potenciam uma maior eficácia na aplicação desta técnica.

Em boa verdade, a utilização sistemática e consciente da imagética tem-se revelado como a ferramenta mental mais poderosa no desenvolvimento ou na melhoria da capacidade de desempenho.

Nota - Importante ter em atenção que é ESSENCIAL o envolvimento de todos os sentidos neste “ensaio mental”, vendo, ouvindo e sentindo como se estivesse realmente a executar a tarefa, e ainda imaginar como se sente a fazer isso


Como potenciar uma maior eficácia na utilização da visualização e da imagética?

1 - Pode desenvolver uma perspectiva interna, envolvendo-se a si mesmo na imagem, como se estivesse realmente a executar a tarefa, isto é, de forma ASSOCIADA, ou desenvolver uma perspectiva externa, de forma DISSOCIADA. como se estivesse de fora a ver um filme em que participa. As pesquisas nesta área indicam que, na realidade, uma forma não é melhor do que outra, assim como comprovam que existe uma destas perspectivas que é mais dominante e/ou que lhe é mais confortável. Recomendo, portanto, que use em primeiro lugar a que for mais natural para si - associação ou dissociação – e depois experimente a outra. A que melhores resultados lhe fornecer, aquela em que sentir mais confortável, será, em princípio a mais recomendável!
 - Pode também utilizar as duas em conformidade com o que quer especificamente desenvolver ou com os objectivos que quer alcançar. Por exemplo: perspectiva externa ou dissociada para a aprendizagem ou melhoria de gestos técnicos e interna ou associada para melhoria de performances ou de resultados quando em contexto competitivo!

2 – Aquilo em que mais nos focamos tende a expandir-se. É provável que já tenha usado esta técnica e mesmo assim continuar a cometer erros! O que recomendo é um maior CONTROLO sobre a imagem que é capaz de projectar e a que efectivamente quer projectar. Por vezes por medo ou por falta de confiança em realizar certo gesto técnico, pode visualizar imagens em que está a executar mal. Proponho um maior controlo sobre a visualização, focando-se naquilo que quer que aconteça e não naquilo que teme!
Visualize o que quer alcançar
 - Se os erros ocorrem no seu imaginário, deve dar-lhes a devida atenção e fazer algo para corrigir esse problema. Se não corrigir a qualidade das suas imagens, irá enraizar a imagem e o sentimento negativo associado, que prejudicará o seu desempenho. Em vez disso, quando se visualizar a executar mal, retroceda imediatamente essas imagens como se de um vídeo se tratasse. Edite o seu vídeo imaginário, corrija-o com imagens corretas e volte a visualizar o cenário pretendido, mas desta vez com imagens de qualidade que estejam de acordo com movimentos bem executados

3 – Uma excelente imagem, de acordo com os princípios da imagética, envolve a reprodução MULTI-SENSORIAL da experiência real. Ao criar as suas imagens mentais, incorpore os sons, sensações físicas, pensamentos e emoções que normalmente experimenta em competição.
A imagética está relacionada com aquilo que acontece quando cria uma imagem mental que respeita o ambiente em que está envolvido. Se os sons do público a incentivar tiverem um significado especial para si, incorpore esses sons na imagem. Se, normalmente fica demasiado ansioso antes da competição, deve “ver-se” nervoso na imagem criada, e em seguida tomar as devidas medidas para baixar os patamares de ansiedade.
A característica mais poderosa na utilização desta técnica, está relacionada com o que sente no seu corpo. É esta a forma mais eficaz para criar um enraizamento das novas habilidades, capacidades, hábitos e técnicas mentais.
Pode também, aumentar o impacto das emoções neste processo, acrescentando sensações imaginadas, às sensações reais.

- Junte às boas imagens criadas na execução de um certo gesto técnico, uma grande intensidade de sentimentos e visualize-se a alcançar o resultado que pretende!

4- Por fim, tenha em conta a VELOCIDADE do movimento na visualização. Para melhorar o seu desempenho na fase de aprendizagem de um certo gesto técnico, é adequado utilizar movimentos lentos, ou mesmo imagem a imagem, aumentando gradualmente a qualidade das mesmas para, desta forma, mais facilmente assimilar qualquer correção a fazer.
Depois de aprendido o gesto treinado e com o tempo, pode ir aumentado a velocidade de execução das imagens utilizadas até chegar à velocidade real


Nota final – Ao fazer este tipo de “Ensaio Mental” será interessante utilizar verbos no presente, quando no “filme” se refere a si próprio. Por exemplo, utilize VEJO, OUÇO, SINTO em vez de sentirei, ouvirei ou verei.

No Desporto e na Vida.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Causa e Efeito


Causa e Efeito

 - Governa a tua vida, para além dos resultados profissionais!

Por baixo do equipamento de um desportista, por baixo do fato macaco, ou por baixo do fato e da gravata existe uma pessoa. A “pessoa”, por mais que custe por vezes aceitar, influi de forma decisiva no rendimento desportivo ou profissional do mesmo.

Muitas pessoas dirão que isso é óbvio.
Em teoria de facto, é óbvio. O certo é que existem muitos desportistas, muitos profissionais, que ao vestirem a roupa de desporto, ou a roupa do emprego o esquecem.

Somos pessoas, com uma vida própria, que vai muito para além do estritamente desportivo ou do estritamente profissional
Na minha vida ligada ao desporto, tenho notado que um “hábito” muito comum entre desportistas de alto rendimento é fazer com que a sua vida gire em torno da actividade que pratica. O “chip” da carreira curta, condiciona e embora concorde que há que viver intensamente esta parte, não podemos correr o risco de viver exclusivamente para a actividade desportiva.
Somos pessoas, com uma vida, para além do desporto!
Aprender a separar o “profissional” da pessoa, é fundamental, principalmente nas componentes Mentais/Emocionais para assim conseguirmos lidar de forma mais eficaz com os momentos menos bons, com os resultados negativos, com as prestações menos conseguidas.
É comum ouvir atletas dizerem, que quando jogam bem, quando ganham, a sua vida pessoal flui de outra maneira. Quando as coisas, desportivamente correm bem, a sua vida também corre…muito bem.
Pois…mas o contrário, ainda é mais verdade!
Se só o resultado mandar e o foco estiver apenas colocado no “trabalho”, levaremos para “casa” toda essa má disposição que o resultado eventualmente provocou, fazendo com que a vida pessoal sofra transtornos de vária ordem.
Em termos de causa e efeito, uma má prestação em competição, no emprego ou mesmo no treino, potencia momentos desagradáveis a nível pessoal.

Nessas situações, tendemos a “preferir” passar mal – tipo auto punição – em vez de procurarmos em “casa” (amigos, família…) a ajuda para melhor ultrapassarmos esse momento e esse estado emocional.
Assim, passamos muito do nosso tempo a auto flagelar-nos com toda a espécie de pensamentos negativos o que pode acarretar a falta de descanso necessário e muitas vezes também uma imprópria alimentação, quase “garantindo”, dessa forma um grande condicionamento para a próxima prestação.
Como amenizar ou resolver este problema?
Invertendo as prioridades.
Não se trata de ter uma boa prestação desportiva, uma venda fora de série, um negócio fantástico a nível profissional, um vinte no exame para “estar bem” no plano pessoal. Acredito que “estar bem” a nível pessoal é o primeiro passo para um bom rendimento a nível profissional.

Trata-se de “dar a volta à coisa”. Despojarmos-nos o mais rapidamente possível das emoções negativas que nos deixam “em baixo”, para assim podermos tranquilamente analisar as razões porque correu menos bem e gerar estímulos que possam potenciar outro tipo de rendimento em prestações futuras.
Trata-se de governarmos a nossa vida para além dos resultados desportivos (ou outros), em vez de permitirmos que esses resultados governem a nossa vida.
Desfrutar da vida para além do desporto, é tão importante como treinar bem e ter os cuidados recomendados a um desportista de elite.
Por baixo do equipamento está uma pessoa. Se essa pessoa estiver feliz, certamente irá potenciar um rendimento muito superior ao de uma pessoa que não esteja feliz.
Cuida da tua vida pessoal e das tuas relações para assim encontrares o ambiente necessário para recuperar forças sempre que necessites.
Encontra momentos de PAZ, de TRANQUILIDADE, de DIVERSÂO, de ENTRETENIMENTO e de CRESCIMENTO para lá do estritamente desportivo

No Desporto e na Vida



segunda-feira, 7 de maio de 2018

As Forças que Influenciam a sua vida

Dor e Prazer



 - Acredito que o ser humano não faz as coisas por acaso. Tudo o que fazemos tem uma razão de ser.


É certo que nem sempre temos a consciência plena dos motivos que nos impulsionam a fazer aquilo que fazemos. De facto, existe um tipo de força que direcciona ou condiciona os nossos comportamentos, as nossas acções.

Tudo o que fazemos, ou é para fugir a uma possível DOR, ou para tentar obter PRAZER.

Compreender estas forças e a relevância das mesmas, além de nos permitir saber como e porque agimos de uma certa forma, também nos permite entender que… podemos agir de forma diferente e assim possibilitar a consecução de outros resultados!

As coisas a que associa dor e as coisas a que associa prazer, na verdade moldam a sua vida.

“O segredo do sucesso é aprender a usar a dor e o prazer em vez de ser usado pelo prazer e pela dor. Se o fizer controla a sua vida. Se não o fizer, é controlado pela vida”

Aprender a desvendar os segredos que estão por trás das suas acções vai permitir-lhe também alterar o “como faço aquilo que faço” para “como fazer aquilo que realmente quero fazer”, pois se ligar uma dor intensa a qualquer comportamento ou padrão emocional, irá certamente evitar a todo o custo entregar-se ao mesmo.
O contrário também é verdade!

Se, por exemplo, estiver a fazer qualquer tipo de dieta alimentar e estiver perante um prato delicioso (para si), sabendo que a composição e/ou quantidade do mesmo irá prejudicar o regime que está a seguir, pode associar dor ou prazer à ingestão do mesmo e será essa associação que promoverá a sua acção imediata.
 Pode associar algum tipo de prazer, tipo…”é só hoje”, ou de dor…”se comer isto agora lá se vai a minha dieta”. Qual o resultado?

Não é por acaso que refiro a acção como imediata, pois a maioria das pessoas baseia a sua decisão no que lhe vai trazer dor ou prazer a curto prazo, mesmo sabendo, no íntimo, que para obter aquilo que mais valoriza, normalmente tem que ultrapassar alguns obstáculos, algumas barreiras, que vão surgindo a fim de, a médio/longo prazo, alcançar de facto o que lhe dará verdadeiro prazer. É apenas uma questão de nos concentramos no momento ou no futuro.

“A natureza pôs a humanidade sob o comando de dois soberanos, a DOR e o PRAZER. Eles governam-nos em tudo o que fazemos, em tudo o que dizemos, emtudo o que pensamos; cada esforço que pudermos fazer para nos livrarmos dessa submissão só serve para a comprovar e confirmar” – Jeremy Benthaim

Não é a dor em si que nos impulsiona, mas sim o medo de que algo conduza à dor. Não é o prazer em si que nos impulsiona, mas sim a convicção – a nossa sensação de certeza – de que optar por uma determinada acção, por um determinado comportamento, este nos conduzirá ao prazer.
Pode pensar que comer alimentos que vão contra a dieta que está a seguir, lhe irá conceder muito prazer no imediato, assim como pode pensar nas consequências a médio ou longo prazo e na dor que provavelmente virá a experienciar. Que sentimento escolhe associar a esse pensamento…agora mesmo? Come ou não?

“Se se sente angustiado com alguma coisa externa, a dor é devida à sua própria ideia dela; e isso é uma coisa que tem o poder de revogar a qualquer momento”Marco Aurélio

A verdade, por muito que gostássemos de a negar, é que, o que verdadeiramente impulsiona as nossas acções, os nossos comportamentos, é a reação instintiva à dor ou ao prazer e não um qualquer cálculo intelectual. Somos prioritariamente “movidos” pelo que “aprendemos” a associar dor ou prazer nos nossos sistemas nervosos e são estas neuro-associações que determinam o que vamos fazer.
São as nossas emoções - as sensações que associamos ao pensamento - que na maioria dos casos determinam os nossos comportamentos.




“Os homens, bem como as mulheres, são muito mais frequentemente guiados pelos seus corações, do que pelo seu entendimento” Lord Chesterfield








Quer assumir um maior controlo sobre as suas decisões? Quer ter um maior controlo da sua vida?


Comece por tomar consciência do poder que o prazer e a dor exercem sobre cada decisão.

 1-   Pense agora em qualquer coisa que nunca faria. Que emoções, que sensações associa a esse pensamento?

a) O primeiro passo para suspender qualquer comportamento (acção) que não o satisfaça, que não lhe proporcione o resultado que pretende, é associar ao mesmo, um nível de dor tão intenso a nível emocional que já nem considere sequer repeti-lo.

b) Como fazê-lo? Basta recordar as emoções e as sensações que associa “aquilo que nunca faria” e associa-las a ao comportamento que pretende suspender

 2- Encontre outro tipo de comportamento (outra forma de fazer) que possa potenciar o tipo de resultado que quer alcançar e de imediato associe ao mesmo, um nível de prazer tão intenso emocionalmente, que permita criar uma poderosa neuro-associação, no seu sistema.

     a) Repita, as vezes que for preciso essa associação, com a necessária intensidade emocional, para assim condicionar no seu íntimo esse comportamento até o mesmo se tornar automático.


    No Desporto e na Vida