Visualização e Imagética
- O uso da imagética
como ferramenta de melhoria das capacidades de desempenho
Se imaginar de forma intensa que está a comer um limão, não
se surpreenda se começar a sentir o sabor amargo do mesmo. Se imaginar de forma
intensa e com todos os sentidos envolvidos o “petisco” de que mais gosta, é
natural que comece a salivar!
A base científica que suporta este “fenómeno” é que o
cérebro não distingue o real do imaginário e assim mobiliza os recursos
necessários para realizar de facto, aquilo que já é real na mente.
O uso da imagética e/ou visualização como ferramenta de
melhoria da capacidade dos atletas, em treino ou em competição, assim como na
recuperação de lesões tem-se mostrado bastante eficaz.
Esta prática, ainda pouco
aplicada de forma intencional, consciente e sistematizada no treino, é de facto
já bastante utilizada de forma não-consciente por muitos atletas e com um
impacto positivo significativo.
Muitos investigadores apontam mesmo a imagética como uma
das ferramentas mais poderosas para a melhoria e/ou aprimoramento de várias
habilidades e capacidades, não só a nível desportivo como a nível pessoal ou
profissional
A imagética tem um grande impacto positivo por comportar
não só a imagem (visualização) como também os sentimentos e sensações que
associamos à imagem. As imagens mentais a que associamos poderosas sensações
corporais, visuais, auditivas e cinestésicas, potenciam uma maior eficácia na
aplicação desta técnica.
Em boa verdade, a utilização sistemática e consciente da
imagética tem-se revelado como a ferramenta mental mais poderosa no
desenvolvimento ou na melhoria da capacidade de desempenho.
Nota - Importante ter
em atenção que é ESSENCIAL o envolvimento de todos os sentidos neste “ensaio
mental”, vendo, ouvindo e sentindo como se estivesse realmente a executar a
tarefa, e ainda imaginar como se sente a fazer isso
Como potenciar uma maior eficácia na utilização da
visualização e da imagética?
1 - Pode desenvolver uma perspectiva interna, envolvendo-se
a si mesmo na imagem, como se estivesse realmente a executar a tarefa, isto é,
de forma ASSOCIADA, ou desenvolver uma perspectiva externa, de forma
DISSOCIADA. como se estivesse de fora a ver um filme em que participa. As
pesquisas nesta área indicam que, na realidade, uma forma não é melhor do que
outra, assim como comprovam que existe uma destas perspectivas que é mais
dominante e/ou que lhe é mais confortável. Recomendo, portanto, que use em
primeiro lugar a que for mais natural para si - associação ou dissociação – e
depois experimente a outra. A que melhores resultados lhe fornecer, aquela em
que sentir mais confortável, será, em princípio a mais recomendável!
- Pode também utilizar as duas em conformidade
com o que quer especificamente desenvolver ou com os objectivos que quer
alcançar. Por exemplo: perspectiva externa ou dissociada para a aprendizagem ou
melhoria de gestos técnicos e interna ou associada para melhoria de
performances ou de resultados quando em contexto competitivo!
2 – Aquilo em que mais nos focamos tende a expandir-se. É
provável que já tenha usado esta técnica e mesmo assim continuar a cometer
erros! O que recomendo é um maior CONTROLO sobre a imagem que é capaz de
projectar e a que efectivamente quer projectar. Por vezes por medo ou por falta
de confiança em realizar certo gesto técnico, pode visualizar imagens em que
está a executar mal. Proponho um maior controlo sobre a visualização, focando-se
naquilo que quer que aconteça e não naquilo que teme!
Visualize
o que quer alcançar
- Se os erros ocorrem no seu imaginário, deve dar-lhes a
devida atenção e fazer algo para corrigir esse problema. Se não corrigir a
qualidade das suas imagens, irá enraizar a imagem e o sentimento negativo
associado, que prejudicará o seu desempenho. Em vez disso, quando se visualizar
a executar mal, retroceda imediatamente essas imagens como se de um vídeo se
tratasse. Edite o seu vídeo imaginário, corrija-o com imagens corretas e volte
a visualizar o cenário pretendido, mas desta vez com imagens de qualidade que
estejam de acordo com movimentos bem executados
3 – Uma excelente imagem, de acordo com os
princípios da imagética, envolve a reprodução MULTI-SENSORIAL da experiência
real. Ao criar as suas imagens mentais, incorpore os sons, sensações físicas,
pensamentos e emoções que normalmente experimenta em competição.
A imagética está relacionada com aquilo
que acontece quando cria uma imagem mental que respeita o ambiente em que está
envolvido. Se os sons do público a incentivar tiverem um significado especial
para si, incorpore esses sons na imagem. Se, normalmente fica demasiado ansioso
antes da competição, deve “ver-se” nervoso na imagem criada, e em seguida tomar
as devidas medidas para baixar os patamares de ansiedade.
A característica mais poderosa na
utilização desta técnica, está relacionada com o que sente no seu corpo. É esta
a forma mais eficaz para criar um enraizamento das novas habilidades,
capacidades, hábitos e técnicas mentais.
Pode também, aumentar o impacto das
emoções neste processo, acrescentando sensações imaginadas, às sensações reais.
- Junte
às boas imagens criadas na execução de um certo gesto técnico, uma grande
intensidade de sentimentos e visualize-se a alcançar o resultado que pretende!
4- Por fim, tenha em conta a VELOCIDADE do
movimento na visualização. Para melhorar o seu desempenho na fase de
aprendizagem de um certo gesto técnico, é adequado utilizar movimentos lentos,
ou mesmo imagem a imagem, aumentando gradualmente a qualidade das mesmas para,
desta forma, mais facilmente assimilar qualquer correção a fazer.
Depois de aprendido o gesto treinado e com
o tempo, pode ir aumentado a velocidade de execução das imagens utilizadas até
chegar à velocidade real
Nota final – Ao fazer este tipo de “Ensaio Mental” será interessante
utilizar verbos no presente, quando no “filme” se refere a si próprio. Por
exemplo, utilize VEJO, OUÇO, SINTO em vez de sentirei, ouvirei ou verei.
No Desporto e na Vida.